Após umas semanas numa cidade nova, e depois de uma gorda me dizer que devia fazer renascer o meu blogue, decidi que devia era criar um blogue novo. Afinal de contas, este é um novo capítulo na minha vida.
A início achei ah, nem pensar, não tenho vontade nenhuma de escrever, nem tenho tempo nem paciência para isso. Até que chegou o dia de hoje.
Podia escrever aqui muitas coisas, sobre desde que cheguei até agora, de como foi procurar trabalho, de como foi tratar das coisas mais burocráticas, dos passeios que dei enquanto podia. Mas não. Foi o dia de hoje que me deu vontade de escrever, e foi o dia de hoje que me fez surgir na cabeça o nome que viria a dar ao blogue.
Hoje foi o primeiro dia que estive sozinha em Londres. Quer dizer, estavam pessoas aqui em casa, mas eu não tinha companhia. Tinha planos, no entanto. E como iria estar sozinha o dia todo, decidi que tinha de arranjar mais coisas para fazer, e decidi que vou ter de ter planos sempre, para não me sentir aborrecida.
Hoje acordei cedo para ir ao banco abrir a minha conta, mas antes disso decidi ir ao centro de saúde para me inscrever. Estas coisas das burocracias podem andar em círculos, e ora chutam para um lado, ora chutam para o outro. Então cheguei lá e bem... Anda não foi desta que me inscrevi, precisavam de uma carta do banco (porque não tenho proof of address) para me poderem inscrever. Acho que foi verdadeiramente a primeira vez que pensei mas que raio, ingleses chatos d'um raio!
Saí de lá e decidi que não ia de autocarro para casa, afinal de contas o dia estava bom, e achei que devia aproveitar.
No caminho para o banco, passei numa rua que se chama Lillie Road, e dei por mim a querer mandar mensagens ou ligar para o meu amigo Tiago, porque aquela rua era a cara dele, cheia de de lojas de antiguidades, e só o imaginava de um lado para o outro, todo empolgado (ainda não tenho um telefone como as pessoas).
A zona onde moro, Hammersmith, é boa, mesmo ao lado do rio, tem bons transportes, tem vida, tem lojas, restaurantes, cafés, supermercados, cabeleireiros, tem tudo. E como em qualquer zona de Londres, tudo muito multicultural. Fico muito curiosa quando vejo coisas a que não estou habituada, e por isso não resisti a passar em frente do restaurante Somali que há a caminho do banco, para tentar perceber se amanhã estariam abertos, mas tive azar, e estava fechado, sem qualquer indicação na porta de horários. Pode ser que amanhã tente a minha sorte novamente.
Já vi, em algumas ocasiões, um mercado em Hammersmith, com as coisas mais variadas de comida, incluindo uma tabanca de Portugal. E então hoje pensei aaah, como estou a ir ao banco, passo lá no mercado, e compro o almoço lá. Pois, ou não. Não havia mercado hoje, tenho de ver se descubro os dias certos.
Depois de aberta a conta no banco, e como ainda tinha tempo antes de ir cortar o cabelo que tinha marcado aqui ao pé de casa, achei que já merecia fazer umas comprinhas para mim, e fui encher-me de coisas na Primark, que aqui não tem um terço das pessoas que tem a do DoceTejo.
Enquanto estava às compras lembrei-me de todas as pessoas que tinham passado por mim de manhã a correr e então... Ganhei coragem, comprei uma roupinha para fazer exercício, e pensei é hoje que começas a correr!
Cabelo cortado, almoço, arrumar tudo o que tinha para arrumar, visto a roupinha nova, e saio de casa. Ainda era de dia, o sol brilhava, e não estava muito frio. O ipod já estava carregado, e quando começo a chegar ao Thames ponho a tocar um cd de Crystal Castles, and off I go.
Dizer que fui correr, para uma pessoa como eu que não se mexe há meses, e que sempre detestou correr, é qualquer coisa como: correr duas músicas seguidas, andar a terceira música até chegar ao estádio do Fulham, voltar para trás e recomeçar a correr na quarta música (que tinha 6 minutos, btw), e andar na quinta, já mesmo quase a chegar a casa.
Não foi muito, mas para mim foi um grande feito, que espero repetir amanhã, todos os fins de semana, e quem sabe algum dia de semana, depois do trabalho.
Com isto tudo, já é domingo.
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